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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Manifesto contra uma cultura brasileira sem direção


Por Igor José 

Chegamos à segunda década do século XXI, O futuro da humanidade, hoje totalmente dependente da modernidade tecnológica, é um mistério. A roda do sistema conduz o homem pela vereda da vida rumo a um futuro desconhecido, onde as informações chegam a velocidades indescritíveis e a globalização é mais do que uma mera palavra usada para traduzir a união dos povos, mas a realidade de um mundo que miscigena ideias como um grande caldeirão efervescente onde as opiniões se unem ou se chocam sejam elas referentes à economia, política, fé ou cultura, e assim novas tendências e conflitos vão surgindo.

Culturalmente o Brasil se traduziu, durante um longo tempo, muito suficiente na literatura modernista, que com uma visão futurista, rompeu a barreira do tradicionalismo e mesmo com influências importadas, principalmente da frança, conseguiu obter uma identidade adquirida como uma carta de alforria, assinada por Graça Aranha, na Semana de Arte Moderna de 1922.
 
Entretanto, essa liberdade tão desejada no início do século XX, para se criar novos textos, com novas técnicas e propostas, conseguidas a custo de uma ruptura brusca com as escolas literárias anteriores e ampliada no decorrer dos anos seguintes, agora no auge dos seus noventa anos, se perde na era tecnológica que domina o mundo, devido um conhecimento superficial (ou falta dele) das lutas modernistas e sua finalidade por parte, principalmente dos jovens, que não se interessam pela arte literária mais nacional que artistas brasileiros já produziram.

Como professor de língua portuguesa, confesso me sentir um pouco perdido com relação a tudo isso. Sinto-me despreparado para participar da evolução cultural do meu país, diferentemente daqueles que lutaram pelo rompimento das artes com o tradicionalismo e as tendências europeias; dos jovens que lutaram contra a revolução de 1930 e dos que combateram o golpe militar de 1964, que se engajavam politicamente em prol do país em todas as áreas, principalmente a da liberdade cultural. Contudo as gerações passam e fica apenas o legado. E é essa herança que permanece nos livros, nos jornais e na internet para que nós, os novos responsáveis pela língua, pela literatura e pela arte em geral, não deixemos que a nossa identidade cultural se perca, mas que a nossa brasilidade se fortaleça numa renovação de ideias que se traduzam nas artes das mais variadas e no modo de ser brasileiro.

Hoje faz-se necessário voltar ao passado, conhecer os ideais de ontem para que assim possamos reorganizar o pensamento e as idéias que surgem nessa nova era em que a humanidade se encontra, e com isso afetar todas as áreas da sociedade moderna, evocando o comprometimento, a sabedoria e o lirismo dos mestres que hoje sobrevivem em suas obras, por poucos apreciadas, pela falta de curiosidade, pela falta de responsabilidade, pela falta de respeito com si mesmo, com a sociedade e com a pátria.